Este blogue é o resultado do projecto curricular final dos alunos JASAM
do 3º ano de Animação Sociocultural
da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Portalegre.

O projecto que estamos a desenvolver é de matriz cultural. Pretendemos envolver toda a comunidade através da participação num concurso de fotografia que ficará em exposição no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre (CAEP).
Como vertente cultural/educativa será realizado um atelier de fotografia pinhole com as jovens do Internato Distrital de Portalegre Nossa Senhora da Conceição.


Enquadramento teórico do projecto

Portalegre Cidade… como diz na Toada de Portalegre escrita pelo imortal poeta José Régio, “Em Portalegre, cidade / Do Alto Alentejo, cercada / De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros / Morei numa casa velha, / À qual quis como se fora / Feita para eu Morar nela...”, foi o local escolhido pelo grupo de trabalho para ser a acolhedora deste projecto final de curso. A razão para tal escolha é pelo simples facto, desta Cidade ter recebido de braços abertos a maioria dos representantes deste grupo de trabalho. Durante estes três anos de curso, foi mãe e pai, foi amiga, foi protectora, foi casa…, e seguindo este caminho foi de vontade de todos fazer-lhe uma homenagem. Homenagem essa, ao que foi, ao que é, e ao que possivelmente irá ser para quem nela vive ou irá viver.
O projecto de Animação Sociocultural (ASC) que se irá desenvolver é de matriz cultural. Indo de encontro à base da ASC quisemos envolver a comunidade num projecto, pretendendo que no final deste as pessoas fiquem com ferramentas para prosseguir neste ou noutro sentido, emancipando-se. Escolhemos, então, a fotografia como suporte cultural para o tema do nosso projecto. A fotografia através do tempo é um documento de valor histórico, que mostra o antes, o agora e o depois, é algo que transcende o próprio tempo e que, de alguma forma, imortaliza a passagem do homem por esse mesmo espaço. O culto da fotografia deve-se à necessidade do homem ter um documento que demonstre e prove a sua própria existência, realidade, cultura, e que possa ser admirada e observada pelo maior número de pessoas. De encontro ao que anteriormente foi descrito, foi decidido imortalizar em forma de homenagem esta cidade por um concurso de fotografia de tema “PORTALEGRE CIDADE – a terra e as gentes”. Pretendemos que o olhar dos diferentes autores sejam eles profissionais, amadores ou simples curiosos, nos mostre como é esta cidade no seu entender, no seu olhar. O concurso para além de nos dar a entender todo este panorama nostálgico irá, com certeza, servir de espólio no futuro para próximas gerações de forma a lhes mostrar o que Portalegre é nesta era, neste espaço de tempo, envolvendo a comunidade nesta iniciativa. Ficando na posse do Núcleo de Fotografia do Instituto Politécnico de Portalegre para esse fim.
Este concurso, aberto a toda a comunidade, decorrerá de 12 de Maio de 2009 até 25 de Maio do mesmo ano, data final de entrega dos trabalhos que serão enviados para o endereço electrónico do grupo, com as devidas identificações descritas no regulamento do concurso.
Após esta data, inicia-se entre os dias 26 e 27 de Maio a selecção das melhores fotografias, pelo Núcleo de Fotografia do IPP e um elemento do grupo de trabalho. Durante a semana que se segue as fotografias serão entregues ao estúdio de fotografia - Susana Neves (Portalegre), para se proceder à revelação das mesmas e seguidamente à Fábrica Real d’Imagens (Portalegre) para a colocação das fotografias em suporte – placas PVC.
Dia 5 a 30 de Junho de 2009, as fotografias estarão em exposição no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre na sala do Café Concerto. Na inauguração da exposição, no final do dia 5 de Junho, traremos um ícone da cidade de Portalegre, o Grupo Folclórico e Cultural da Boavista que participará com duas apresentações mostrando, relembrando, as danças tradicionais do passado da cidade e uma representação de um texto de Luísa F. Lopes da Silva “Portalegre, cidade dos meus encantos” pelos elementos do grupo de trabalho do projecto, onde se pretende envolver o público na magia da história da cidade de Portalegre.
Como complemento cultural/educativo ao nosso projecto decidimos envolver um instituição da cidade de Portalegre, que trabalhe com crianças/jovens com idades compreendidas entre os 12 e 16 anos de idade, numa formação inicial em fotografia pinhole (atelier), na manhã do dia 5 de Junho. A escolha desta instituição deve-se ao facto de as jovens terem trabalhado à pouco tempo num projecto de fotografia e revelarem o gosto por esta arte. A escolha desta faixa etária deve-se à especificidade e exigência técnica do atelier, adequando-se melhor para estas idades, contudo o fruto desta acção poderá ou não ser apresentada no dia de inauguração da exposição de fotografia. Ao escolhermos esta acção de formação, estamos a dar as ferramentas utilizadas pelos ancestrais da fotografia, onde a luz e o tempo se conjugavam para se conseguir dar formas numa folha de papel sensível à luz. Desta forma estaremos a dar seguimento a este culto, que é a fotografia, que transmite não só situações como também sentimentos, realidade e fantasia, onde uma imagem nos pode levar até onde a nossa imaginação chegar. E tratando-se de crianças/jovens nada mais indicado para que toda esta fantasia do desconhecido se torne uma realidade, fazendo-os também, olhar um pouco em redor, conhecer ou redescobrir a cidade onde vivem, pois são o seu futuro e os seus possíveis “protectores”. É nesta mesma cidade que se irão formar como pessoas e futuros adultos, com a responsabilidade de dar seguimento às futuras gerações.
Serve o presente atelier também, como uma forma expressiva de abertura da própria escola para com a comunidade local.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Animação através da fotografia

A fotografia é hoje um meio visual importante, tanto no domínio da educação como no da informação em geral. Sobretudo quando se trata de adultos educandos, a fotografia poderá ser um ponto de partida muito rico, para discussão e análise da realidade.
Para seleccionar fotografias, tendo em vista um trabalho de animação, é necessário ter em conta as suas potencialidades, ou seja, as suas características, no que respeita ao tema e à mensagem.
Do ponto de vista prático, podemos distinguir as fotografias sugestivo–artísticas das informativas, embora muitas vezes seja difícil essa distinção.
Por exemplo, quando observamos a imagem de uma casa típica das Beiras, podemos considerar que é uma fotografia informativa, já que nos elucida sobre a arquitectura de uma determinada região. Mas se o fotógrafo captou a imagem com uma luz suave, evidenciando uma sombra poética no caminho, então podemos chamar-lhe fotografia sugestivo-artística.
De um modo geral, porém, consideramos informativas as fotografias que nos fornecem indicações, conhecimentos concretos, e sugestivo-artísticas as que apelam para a nossa sensibilidade estética ou emocional.
As fotografias informativas terão, pois, uma linguagem mais fria e mais linear, não recorrendo a planos complexos, nem a composições sofisticadas.

São várias as vantagens da fotografia:
- Ela é capaz de fazer nascer o interesse em aprofundar o assunto que se pretende estudar. Sabe-se que é bem mais motivador debruçarmo-nos sobre determinado tema histórico, quando dele possuímos documento visual, do que quando dele apenas falamos em termos teóricos;
- A fotografia desenvolve a criatividade. Em presença de uma fotografia sugestiva ou artística, é possível descobrir um mundo de ideias e experimentar diversas sensações;
- Pela capacidade de captar pormenores, a fotografia ajuda a desenvolver o espírito analítico. Oferece ao observador a possibilidade de analisar formas, temas, composição, mensagens, ou clima emocional;
- A fotografia contribui também, para a educação estética. Pode dizer-se que, através dela, é possível iniciar as pessoas na arte de olhar. Através da foto-linguagem, dinamizando trocas de opiniões a partir da observação de fotografias, as pessoas vão-se familiarizando com tudo o que se relaciona com composição, contraste, expressividade, equilíbrio. E naturalmente ir-se-á formando nelas um juízo estético;
- Por outro, a fotografia, educando a sensibilidade, leva as pessoas a avançar no conhecimento crítico da sociedade. Aprendendo a observar e analisar temas, que exprimem muitas vezes estratos impressionantes da realidade, é lógico que sobrevenha a crítica do que, na sociedade, é justo ou injusto.
Podemos chamar às fotografias “manuais de palavras” de cultura geral, que já constituem, muitas vezes, documentos informativos de um povo, de uma sociedade, pois, de certo modo, traduzem o que representam.